quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Ah se todos fossem como ele...

por Ronaldo Young
...Galera, era muito legal de ver aquele cara jogando. Eu tava de bobeira, batendo perna lá na Avenida Afonso Pena, quase chegando ao shopping. Daí eu avistei uma tevê dentro de um comércio que alugava campos de futebol com grama sintética. Entrei, sentei e estava vendo Cruzeiro e Sport pelo Brasileirão daquele ano. Que ano era não importa. O jogo tava zero a zero quando levantei pra ir ao banheiro e passei o olhar na partida que acontecia em uma das canchas de aluguel. Chamou atenção quando um troncudo, com uma barba que impunha respeito, dominou a bola. Antes ele tava no gol. Goleiro não domina bola, pô! Mas aí ele matou a redonda, levou pra esquerda, que parecia ser a perna boa. Jogou o corpo pra direita. De nada adiantava. O marcador ainda o perseguia. Foi quando ele, em um momento que durou 3 segundos, mas que pra mim foi uma fenda no espaço-tempo, penteou a bola pra direita e avançou na lateral esquerda. Saiu um passo na frente do adversário. O troncudo não era veloz, mas certamente tinha explosão. E explodiu rumo à linha de fundo. Quando chegou ao fim, quase desviei o olhar porque não havia pra onde ir. Ainda bem que sou teimoso e persistente. Fiquei até o fim pra ver o que aconteceria. E o marcador parou de correr quando chegou a um passo antes da linha da meta. E, galera, o barbudo deu um carrinho com raça, muita raça, mandou a bola pra trás e deu uma assistência pra gol. Ele não podia ter feito aquilo. Aliás, podia, mas não devia. E ele não fez nenhum gol, aquele cara. Mas ele jogava com amor à camisa em uma pelada. O nome do troncudo com barba é relevante, tá cheio de caras como esse por aí. Mas ele me passou uma sensação de tranqüilidade. Enquanto caras como aquele existirem, o futebol terá lugar reservado pra quem ama esse esporte. Galera, era muito legal ver aquele cara jogando...
Ronaldo Young é torcedor da Portuguesa, paulistano que vive em Campo Grande, promotor público e colunista do Bleog do Léo, nas quintas-feiras escreve "contos do mundo futebolístico"

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